Dia Internacional da Pessoa com Deficiência: comemorar?

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência: comemorar? - Geraldo Nogueira

Criado em Quarta, 10 Dezembro 2014 13:25

Em 3 de dezembro comemora-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.Esta celebração realiza-se desde 1992, com o objetivo de promover uma compreensão sobre as questões da deficiência e mobilizar o apoio à dignidade, aos direitos e ao bem-estar das pessoas com deficiência.

A cada ano, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, tem um tema específico adotado pela ONU, que pauta as atividades e eventos deste dia para todo o mundo. O tema de 2014 é justamente Desenvolvimento sustentável: o compromisso da tecnologia.

A comemoração deste ano servirá para divulgar a tecnologia como promoção da inclusão e da acessibilidade a fim de contribuir para elevar a igualdade de participação da pessoa com deficiência na sociedade. No entanto, no Brasil temos pouco a comemorar e muito para agir. Vejam a matéria sobre a cadeirantes que precisou se arrastar pelas escadas para embarcar num voo da Gol para perceberem o quanto estamos atrasados no conceito de cidadania e respeito aos grupos sociais fragilizados.

Infelizmente, dado ao nosso atrofiado conceito de cidadania muitos transferirão a responsabilidade do ocorrido à própria atitude de Katya Silva, que por ter a doença conhecida por ossos de vidro, pode ter mesmo escolhido a alternativa mais segura para seu embarque, já que as opções corretas, dentro do modelo tecnológico e legal
não estavam disponíveis e quase sempre não estão.

O fato é que não se pode admitir esse tipo de falha das empresas aéreas, das administradoras de aeroportos e, principalmente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que tendo amplo conhecimento da legislação garantidora do direito ao embarque com segurança e respeito à dignidade humana não faz uma fiscalização prévia impedindo esse tipo de acontecimento lamentável.

Isto está acontecendo no meio de transporte com o maior avanço tecnológico no Brasil e no mundo. Então como justificar que não exista um meio seguro e digno para o embarque de uma pessoa com deficiência? Enquanto Katyas não se arrastarem pelos degraus das escadas prevalecerão o descaso e as ofertas de embarques alternativos das empresas responsáveis (operadora de voos e de aeroportos), bem
como o flagrante comodismo da Anac.

Isso é uma vergonha para o Brasil e um desrespeito com toda a humanidade!

Geraldo Nogueira é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ.